Capítulo 14
Pode-se comercializar o dom de Deus? (At 8,1-25)
O que é dom de Deus não pode ser objeto de comércio.
A perseguição em Jerusalém (At 8,1-4)
A
perseguição -* 1
Saulo era um daqueles que aprovavam a morte de Estêvão.
Naquele dia, desencadeou-se uma grande perseguição contra a igreja de
Jerusalém. E todos, fora os apóstolos, se espalharam pelas regiões da Judéia e
da Samaria. 2 Algumas pessoas piedosas sepultaram
Estêvão e fizeram um grande luto por causa dele. 3 Saulo,
porém, devastava a Igreja: entrava nas casas e arrastava para fora homens e
mulheres, para colocá-los na prisão. 4 E aqueles
que se dispersaram iam de um lugar para outro, anunciando a Palavra.
O episódio de Estêvão foi decisivo para a expansão do
cristianismo fora de Jerusalém e para além do judaísmo.
O Evangelho na Samaria (At 8,5-8)
Alegria
pela Boa Notícia -* 5
Filipe desceu a uma cidade da região de Samaria e aí
começou a anunciar Cristo. 6 As multidões seguiam
com atenção tudo o que Filipe dizia, e todos em peso o escutavam, pois viam os
milagres que ele fazia. 7 Dando grandes gritos, os
espíritos maus saíam de muitos endemoninhados. Numerosos paralíticos e
aleijados também foram curados. 8 E a cidade se
encheu de alegria.
Filipe, judeu cristão de língua grega, é quem evangeliza na
Samaria, pois tem espírito aberto e é desapegado do judaísmo.
A evangelização segue os moldes da missão segundo o Evangelho
(Lc 9,1-2): anúncio da palavra que liberta seguido de dois sinais fundamentais:
a cura dos endemoninhados (autoridade sobre os demônios) e dos paralíticos
(curar as doenças).
Pode-se comercializar o dom de Deus? (At 8,9-25)
Não
comercializar o dom de Deus -* 9
Na mesma cidade, havia um homem chamado Simão, que desde
algum tempo praticava a magia. Ele impressionava o povo da Samaria, fazendo-se
passar como uma pessoa importante. 10 Todos,
pequenos e grandes, aderiam a Simão, dizendo: «Este homem é o poder de Deus,
que é chamado Grande.» 11 Aderiam a ele, porque há
longo tempo Simão os deixava impressionados com suas artes mágicas. 12
Quando começaram a acreditar em Filipe, que anunciava a Boa Notícia do
Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, tanto os homens como as mulheres se
apresentavam para o batismo. 13 Simão também aderiu
à fé e, depois de batizado, não se separava de Filipe. Simão ficou muito
impressionado ao ver os sinais e os grandes prodígios que aconteciam.
14
Os apóstolos, que estavam em Jerusalém, souberam que a
Samaria acolhera a Palavra de Deus, e enviaram para lá Pedro e João. 15
Ao chegarem, Pedro e João rezaram pelos samaritanos, a fim de que eles
recebessem o Espírito Santo. 16 De fato, o Espírito
ainda não viera sobre nenhum deles; e os samaritanos tinham apenas recebido o
batismo em nome do Senhor Jesus. 17 Então Pedro e
João impuseram as mãos sobre os samaritanos, e eles receberam o Espírito Santo.
18
Simão viu que o Espírito Santo era comunicado através da
imposição das mãos. Então ofereceu dinheiro a Pedro e João, dizendo: 19
«Dêem para mim também esse poder, a fim de que receba o Espírito todo
aquele sobre o qual eu impuser as mãos.» 20 Mas
Pedro respondeu: «Pereça você junto com o seu dinheiro, pois você pensou que
podia comprar com dinheiro aquilo que é dom de Deus. 21 De
nenhum modo você pode participar dessa realidade espiritual, porque a sua
consciência não é correta diante de Deus. 22 Arrependa-se
dessa maldade e suplique que o Senhor perdoe essa má intenção que você teve, 23
pois vejo que você está envolvido pela injustiça, como de fel amargo.» 24
Simão respondeu: «Supliquem por mim ao Senhor, para que não me aconteça
nada do que vocês falaram.»
25
Depois de ter testemunhado e anunciado a palavra do
Senhor, Pedro e João voltaram para Jerusalém, levando a Boa Notícia a muitos
povoados da Samaria.
O dom de Deus é para todos, e deve ser partilhado
igualitariamente entre todos. Qualquer comércio envolve lucro, e o lucro é
sempre injusto, pois introduz a exploração e a desigualdade. A comunidade é
chamada a viver o dom partilhado, vencendo toda a injustiça, porque o projeto
de Deus é liberdade e vida para todos – e isso só acontece através da partilha
fraterna.
Ou a comunidade cristã é cristã mesmo, ou é apenas uma
comunidade que “faz mágicas”, vendendo ilusões a fim de conseguir dinheiro e
prestígio.
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