sábado, 18 de junho de 2011

Deuteronômio


I – PRIMEIRO DISCURSO DE MOISÉS: REVER O PASSADO EM VISTA DO FUTURO

Termina a etapa educativa do deserto e Israel se prepara para entrar na terra prometida. O livro todo é uma instrução inculcada, isto é, que deve ser continuamente repetida e relembrada, a fim de que Israel realize um novo projeto de vida, ao se fixar na terra (1,1-5).
Israel deve lembrar-se permanentemente do acontecimento libertador, que fundou a sua existência como povo. No momento da aliança, Israel não viu uma forma; apenas ouviu a voz, que lhe comunicava o Decálogo como Constituição básica de uma vida social justa e digna (4,9-20).
O destino do povo na terra dependerá da sua fidelidade à Aliança e ao projeto de Javé. Se o povo praticar a idolatria, servindo a falsos absolutos, perderá a terra e irá para o exílio: seu maior castigo será servir a deuses que não poderão libertá-lo. Se o povo se converter, Javé intervirá, dando-lhe consciência e vida (4,21-31).
A grande maravilha é Javé, o único Deus vivo que age na história. Sua ação nasce da fidelidade à Aliança, liberta o povo, lhe revela seu caminho e lhe dá a terra. Não existe outro Deus que faça isso: todos os outros são falsos absolutos (4,32-40).

II – SEGUNDO DISCURSO DE MOISÉS: O FUNDAMENTO DA ALIANÇA

O livro do Deuteronômio (“estatutos e normas”), escrito basicamente no séc.VIII a.C., é idealizado como o texto de uma renovação da aliança, feita em Moab, antes de Israel entrar na terra de Canaã. O texto se apresenta com autoridade porque provém de Deus, através de Moisés. Desse modo, todas as leis do Deuteronômio são apresentadas com o mesmo valor do Decálogo (5,23-31).
Os versículos de 4 a 9 do capítulo 6 são o núcleo fundamental da teologia do Deuteronômio. Javé é o único Deus. Portanto, a vida do homem também é única, expressando uma resposta de adoração ao único Deus. Mais do que leis, o Deuteronômio procura mostrar como deve ser a vida: uma resposta de amor a Deus, que se expressa em todas as relações humanas.
A conquista e a vida na terra dependerão da atitude que o povo tiver diante do projeto de Deus. Tal atitude acarretará bênçãos ou maldições: a benção para a fidelidade ao projeto de Javé expresso nas leis do Deuteronômio, que ajudam o povo a viver na justiça e na prosperidade; a maldição, se o povo servir a outros deuses, realizando projetos contrários ao projeto de Javé (11,18-32).

III – O CÓDIGO DEUTERONÔMICO: PROJETO DE UMA NOVA SOCIEDADE.

Os capítulos 12-26, inseridos no segundo discurso de Moisés, são um conjunto de leis formando o projeto para uma nova sociedade. Essas leis não têm caráter jurídico. Elas se apresentam como instruções ou indicações para uma relação social justa, pois visam a uma sociedade igualitária, onde todos possam ter acesso à liberdade e à vida. O fundamento dessas leis é o Decálogo (5,1-22), cujo espírito (amor e temor a Javé) é detalhado em leis que procuram responder aos conflitos concretos. Tomado no seu conjunto, o Código busca uma coerência entre a celebração da Aliança e a vida prática a ser vivida de acordo com a vontade de Javé.

IV – BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES: VIDA OU MORTE.

As leis do Deuteronômio projetam e abrem perspectiva para a construção de uma sociedade alternativa, onde todos possam ter acesso à liberdade e à vida. Para que isso aconteça, é necessário o compromisso de por em prática toda essa legislação. Assim fazendo, o povo receberá as bênçãos, que significam vida, prosperidade, abundância, paz, e, sobretudo o reconhecimento de que é um povo consagrado a Javé, o Deus vivo que gera liberdade e vida (28,1-14).
A infidelidade ao projeto de Javé, conforme é apresentado nas leis do Deuteronômio, acarretará para o povo as maldições. Estas significam perder a vida, a prosperidade, o fruto do trabalho, a saúde e finalmente a independência política (28,15-68).

V – TERCEIRO DISCURSO DE MOISÉS: ESCOLHER ENTRE A VIDA E A MORTE.

A vida e a morte, a felicidade e a desgraça dependem da opção histórica que o povo faz entre Javé, o Deus da liberdade e da vida, e os ídolos, que produzem escravidão e morte. O Deuteronômio primitivo termina com este apelo forte; “Escolha a vida... amando a Javé seu Deus... porque Ele é a sua vida e o prolongamento de seus dias” (30,15-20).

VI – APÊNDICE: A HISTÓRIA CONTINUA.

A designação de Josué como líder do povo já prepara a narração do livro de Josué. As instruções dadas ao povo e a Josué são as mesmas: o chefe não está acima de ninguém; sua função é ser mediador entre Deus e o povo (31,1-8).
O elogio a Moisés, o primeiro profeta de Israel, oferece o modelo de verdadeiro profeta e indica a atividade profética do povo de Deus. Essa atividade consiste em ler, na história presente e na sociedade, os apelos do Deus do êxodo. Ele quer libertar o povo e conduzi-lo na construção de uma história e sociedade novas, voltadas para a liberdade e a vida (34,1-9).

Um comentário:

  1. Olá Tereza,
    Vim dar um passeio por aqui, agradeço sua presença constante no catequese na net.
    Parabéns pelos posts.

    Paz de Cristo!

    ResponderExcluir