Vós
sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa (Ex 19,6).
A Igreja, como já vimos,
nasceu de Cristo, o Santo de Deus (cf. Lc 1,35); ele, doando aos seus
discípulos o Espírito de Santidade, santificou sua Igreja:
Pai, santifica-os na verdade;
a tua palavra é a verdade... Por eles, a mim mesmo me santifico, para que sejam
santificados na verdade (Jo 17,17.19).
É graças a esta vontade é que
somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez
por todos. De fato, com esta única oferenda, levou à perfeição, e para sempre,
os que ele santifica (Hb 10,10.14)
Dizer que a Igreja é santa é
dizer que ela é totalmente separada para Cristo e com Cristo na potência do
Espírito para a glória do Pai, é dizer que ela pertence totalmente a Cristo,
pelo Espírito que a penetra, invade, vivifica e dirige:
Cristo amou a Igreja e se
entregou por ela, a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela
Palavra, para apresentar a si mesmo a Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou
coisa semelhante, mas santa e irrepreensível (Ef 5,26s).
Por isso, a Escritura pode
dizer, falando da Igreja:
Mas vós sois uma raça eleita,
um sacerdócio régio, uma nação santa, o povo de sua particular propriedade,
para apregoar os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para a sua
luz admirável (1Pd 2,9).
É importante compreender que
é Cristo quem santifica a Igreja, é ele a fonte de sua santidade, porque lhe dá
seu Espírito Santo:
Quando a bondade e o amor de
Deus, nosso Salvador, se manifestaram, ele salvou-nos, não por causa dos atos
justos que houvéssemos praticado, mas porque, por sua misericórdia, fomos
lavados pelo poder regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele ricamente
derramou sobre nós, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que
fôssemos justificados pela sua graça, e nos tornássemos herdeiros da esperança
da vida eterna (Tt 3,4-7).
Mas fostes lavados, mas
fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e
pelo Espírito do nosso Deus (1Cor 6,11).
É porque a Igreja é
santificada pelo seu Espírito, sobretudo através da Palavra e dos sacramentos,
que os seus membros são chamados santos (= santificados).
À Igreja de Deus, que está em
Corinto, àqueles que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a ser
santos... (1Cor 1,2)
Então, a Igreja não é santa
porque somos santos ou santinhos; ela é santa porque Cristo a santifica com seu
Espírito, e porque nela fomos santificado pela Palavra e os sacramentos
(sobretudo o batismo e a eucaristia), somos chamados santos (= santificados)!
Esta santidade, tanto na Igreja quanto em nós, é real, mas deve ir crescendo
sempre: santos e chamados a ser santos! Esta santidade é também indefectível (=
não pode ser perdida!), já que o Espírito Santo permanecerá sempre agindo na
Igreja:
Eu rogarei ao Pai e ele vos
dará outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da
Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não o vê nem o conhece. Vós o
conheceis, porque permanece convosco (Jo 14,16s).
Por isso, falando da sua
Igreja, Jesus disse a Pedro:
As portas do inferno nunca
prevalecerão contra ela (Mt 16,18).
Afirmar
que a Igreja não é santa, seria contradizer clara e gravemente o próprio Cristo
e negar a ação do Espírito na comunidade dos discípulos. Dizer que a Igreja
perdeu a santidade é negar a fidelidade de Cristo e blasfemar gravemente contra
o Espírito, ele que é a própria santidade divina na Igreja do Senhor!
Esta
Igreja, que é santa, é formada por pecadores. Basta, como exemplo, pensar na
Primeira Epístola aos Coríntios. Aí, após chamar de “santos” os membros da
Igreja coríntia, São Paulo passa a falar dos tantos e tantos escândalos na
Comunidade: as divisões entre os fiéis (cf. 1,10-16), os casos de imoralidade
(cf. 5,1-13; 6,12-19), as disputas levadas aos tribunais pagãos (cf. 6,1-11),
etc. A Igreja é santa e é uma comunidade de santificados, chamados a agir como
tais... mas não é uma comunidade de santinhos e certinhos. Ela reúne em seu
seio santos e pecadores, contudo, quem persevera no pecado, é membro da Igreja
somente de modo exterior e não segundo o Espírito de Santidade!
Uma
última observação: já dissemos que os sacramentos são o modo principal pelo
qual o Senhor Jesus, no Espírito Santo, santifica sua Igreja: eles, celebrados
na força do Espírito, dão-nos a graça santificante do Cristo Jesus:
Ou ignorais que todos nós,
batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Com ele fomos
sepultados pelo batismo na morte para que, assim como Cristo ressuscitou dos
mortos pela glória do Pai, assim também andemos em novidade de vida. Pois, se
estamos nos tornamos uma só coisa com ele por uma morte semelhante à sua,
seremos uma coisa só com ele também por uma ressurreição semelhante à sua.
Sabendo que nosso velho homem foi crucificado para que fosse destruído o corpo
de pecado e já não servíssemos ao pecado (Rm 6,3ss).
Porque minha carne é
verdadeiramente comida e meu sangue é verdadeiramente bebida. Quem come minha
carne e bebe meu sangue permanece em mim, e eu nele. Assim como o Pai, que vive,
me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim também quem comer de minha carne viverá
por mim (Jo 6,55ss).
Também a Palavra proclamada
santifica continuamente a Igreja, já que é proclamada na potência do Espírito
Santo:
Cristo amou a Igreja e se
entregou por ela, a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela
Palavra, para apresentar a si mesmo a Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou
coisa semelhante, mas santa e irrepreensível (Ef 5,26s).
Por tudo isso, a Igreja,
desde as mais antigas épocas é chamada Comunhão dos Santos!
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