Em
geral, diz-se com muita simplicidade que o adjetivo “católico” significa
universal. Não é bem assim! Antes de tudo, convém deixar claro que a palavra
“católica” não é o nome da Igreja, mas um adjetivo, uma qualidade que distingue
a Igreja de Cristo das comunidades que não são expressão completa da única
Igreja do Senhor. Neste sentido, é bom saber que, ao menos até onde as
pesquisas atuais alcançam, o primeiro a usar o adjetivo “católica” para distinguir
a Igreja dos grupos heréticos, foi Santo Inácio, Bispo de Antioquia e sucessor
de Pedro naquela sede episcopal, mártir de Cristo pelo ano 97 da nossa era. Aos
cristãos de Esmirna, ele escreveu:
Ninguém ouse fazer sem o
Bispo coisa alguma concernente à Igreja. Como válida só se tenha a eucaristia
celebrada sob a presidência do Bispo ou de um delegado seu. Onde está o Bispo,
aí está a comunidade, como onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja católica.
O adjetivo católico
(kat’olou) significa “segundo a totalidade” (= katha: segundo + olou:
totalidade). Isto significa: a Igreja vive e guarda em si a totalidade dos
meios deixados por Cristo para a salvação: a Palavra, os sacramentos, os
carismas e ministérios, as estruturas eclesiais, etc. Não é, portanto, uma
Igreja mutilada!
E sujeitou a seus pés todas
as coisas e o constituiu cabeça suprema de toda a Igreja, que é o seu corpo, a
plenitude daquele que plenifica tudo em todos (Ef 1,22).
E não poderia ser diferente,
pois ela é habitada pelo Espírito da Verdade (cf. Jo 14,15-17) e, por isso
mesmo, é coluna e sustentáculo da verdade (cf. 1Tm 3,15).
A
Igreja é também católica porque é e deve ser sempre aberta a todos os povos e
culturas, sem discriminar raça ou condição social:
Os onze discípulos foram para
a Galiléia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Logo que o viram
prostraram-se; alguns, porém, duvidaram. Então Jesus se aproximou e lhes disse:
“Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, fazei discípulos
meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo, ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei. Eis que eu estou
convosco, todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,16-20).
Recebereis uma força, o
Espírito Santo que virá sobre vós; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em
toda a Judéia e Samaria, até os confins da terra (At 1,8).
Daqui vem também o dever que
a Igreja tem de uma sadia inculturação: ela deve falar o Evangelho a cada
cultura, respeitando e assumindo os valores de cada cultura (cf. At 17,16-34 –
Paulo no areópago) e, ao mesmo tempo, transformando cada cultura com o sal e a
luz de Cristo (cf. At 14,8-18 – Paulo na Licaônia):
Eu que, sendo totalmente
livre, fiz-me escravo de todos para ganhar a todos. Fiz-me judeu com os judeus
a fim de ganhar os judeus. Com os que vivem sob a Lei fiz-me como se estivesse
submetido a ela, não o estando, para ganhar os que sob a Lei estão. Com os que
não tinham Lei fiz-me como se estivesse sem Lei, para os ganhar, não estando eu
sem a Lei de Deus, senão sob a lei de Cristo. Com os fracos, tornei-me fraco,
para ganhar os fracos; fiz-me tudo para todos, para por todos os meios salvar a
alguns (1Cor 9,19-22).
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