segunda-feira, 11 de julho de 2011

Semente na estrada


Jesus contou a história da semente que foi plantada em vários terrenos (Mt 13,1-23). Quatro terrenos. À beira da estrada, em terra muita pedregosa, em um terreno coberto de espinhos e em uma terra boa, bem preparada. E aí, é claro, colheu somente no bom terreno. E explicou o que significam os terrenos e a semente. A semente é a palavra de Deus. E os terrenos representam o modo como nós recebemos a Palavra.

Eu nunca prestei muita atenção nessa parte da semente que caiu à beira da estrada. Mas, outro dia fiquei pensando no assunto, e concluí que se trata de uma coisa bastante comum em nossa vida. É que, às vezes, estamos tão distraídos, que não fica nada do que foi semeado. Ou então deixamos todo mundo passar por nós e pisotear tudo o que nos é caro. É por isso que Jesus falou da semente que caiu no caminho: é que nossa vida assim vida vira um estrada, onde todo mundo passa, onde todo mundo pisa. A palavra semeada nem tem a chance de germinar. Como disse Jesus, vêm os pássaros e a comem. Os homens passam e a pisoteiam. A semeadura à beira da estrada não produz nada.

É de se pensar: você não tem uma área de sua vida reservada, o melhor de você mesmo para acolher o que Deus lhe diz? Você não tem um cantinho importante de sua vida, onde ninguém pisa, onde ninguém manda, um lugar reservado onde você pensa sua vida e toma suas decisões? Sabe porque essa pergunta? porque se a gente escuta todo mundo, e qualquer opinião nos influencia, no meio de tantas vozes cada um puxando para o seu lado, a voz de Deus fica apenas mais uma opinião. E aí, a gente perde o controle da direção de nossa própria vida. A gente vira um caminho onde todo mundo passa, uma passarela de opiniões, onde tudo parece ter o mesmo peso... e a voz de Deus, que seria a nossa referência maior, não é mais ouvida ou não é levada a sério.

E a voz de Deus, é claro, tem que ter um peso diferente. Como Pedro falou pra Jesus: Só tu, Senhor, tens palavras de vida eterna. Na verdade, a fala de Deus não é só uma voz que vem de lá pra cá, em mão única, ou uma voz de cima pra baixo. Deus fala conosco como numa pista de duas mãos. Ele fala e eu escuto. Eu falo e ele me escuta. É um diálogo. Uma conversa de amigos, profunda e vital, que acontece no lugar mais secreto de mim mesmo. É lá que eu preciso tomar as decisões importantes de minha vida, depois de um diálogo profundo e vital com o meu Pai e Criador. É lá que a minha vida toma rumo, sentido e direção.

Acabo de me lembrar da ventoinha, aquele espécie de bandeira-saquinho que marca a direção do vento nos aeroportos. A ventoinha enche-se de ar e fica a favor do vento. Mostra a direção da corrente de ar. Pra onde o vento der, ela se vira. Quem manda é o vento. Uma pessoa não pode ser uma ventoinha. Muda de opinião, faz opções segundo o vento, isto é, a opinião pública, o quê os outros estão valorizando ou o que a mídia define como o melhor. Uma pessoa precisa ter um rumo certo pra seguir, valores onde afirmar a própria caminhada. Só a voz de Deus pode dar um rumo certo à minha vida. O seu Espírito, que me habita desde o batismo, é quem vai dialogando comigo, no meu íntimo, e me ajudando a andar no rumo certo. Eu não sou uma ventoinha. E a minha vida não pode ser uma estrada onde todo mundo pisa.

É, a semente que caiu à beira da estrada faz a gente pensar.

Pe. João Carlos – 10.07.2011

http://www.padrejoaocarlos.com/

5 comentários:

  1. Teresa ótimo post, q texto abençoado!

    Vim lhe desejar uma boa semana!
    Tudo para honra de Deus!
    Paz de Cristo!

    Catequistas Unidos

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  2. Tereza... toda semana o Pe. Roberto Nentwig, coordenador de catequese da arquidiocese de Curitiba nos brinda com reflexões sobre o evangelho do domingo. Ele escreve especialemnte para os catequistas. São reflexões simples e iluminadas. Posso encaminhar para vc no seu e-mail?

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  3. Pode sim, Angela. Muito obrigada! Meu email é: catequesecasaforte@gmail.com

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