E o povo se admirava da Palavra de Jesus. Era um ensinamento com autoridade. Não era como a palavra dos mestres da Lei. Era uma palavra como a do Criador da primeira página da Bíblia. Ali, Deus falava e tudo acontecia. Disse e tudo foi feito. Ou como explicou Isaías: a palavra de Deus é como a chuva: não volta sem cumprir sua tarefa. A chuva que desce do alto rega os campos, enche as barragens, faz os rios transbordarem. Assim é a palavra de Jesus: realizadora como a palavra do Criador, eficaz como a chuva que vem do alto. O povo de Cafarnaum sentia isto: ele fala com autoridade.
E isso ficou muito mais claro, quando eles viram que o pregador Jesus não só anunciava o Reino. Mas, sua palavra denunciava o mal. E libertava as pessoas dele. Foi assim que um homem em sua Sinagoga, naquele sábado, apareceu possuído por um espírito mau. A palavra de Jesus acaba por revelar o mal, desmascará-lo. Ele está ali escondido, oprimindo a pessoa, sufocando-a, asfixiando-a . A palavra o desmascara. E é assim que o homem é libertado. Jesus maneja a palavra para libertá-lo: sai, retira-te deste homem. O povo admirado tem confirmada sua primeira impressão: ele ensina com autoridade. Sua palavra liberta as pessoas.
No tempo de Jesus, o diabo era o culpado por tudo. Uma febre, era um diabo. Uma doença mental, obra do tinhoso. Uma doença, uma possessão. Depois de 21 séculos, a ciência, o bom senso, o conhecimento ensinam que há outras causas para isto tudo. O diabo não é o culpado de tudo que há de errado. Ele continua a ser uma referência para o mal. Mas, opressão, humilhação das pessoas, preconceito que desrespeita os outros... tudo isso é nossa culpa mesmo.
Há muitas forças que dominam, exploram, oprimem pessoas humanas.... as pessoas são massacradas, espoliadas, reduzidas... o homem possuído é a imagem deste tipo de pessoas. O mal que possui uma pessoa pode chamar-se drogas, preconceito, violência, desrespeito à dignidade humana.
O que o evangelho continua anunciando é que de todas as opressões, a palavra de Jesus é uma força para nos libertar. Não é simplesmente uma palavra a mais. Ela é a palavra criadora de Deus que nos recria, nos restaura, nos liberta. É a palavra libertadora de Deus em nossa vida.
É triste ver alguns cristãos correndo atrás de milagres, de curas, de exorcismos. Seria mais bonito vê-los, movidos pela força do Evangelho, correndo para apoiar a organização popular, as lutas dos trabalhadores, as ações de sustentabilidade da vida no planeta. Jesus, nas páginas da Escritura, aparece como o libertador do mal, de todo o mal: do pecado, da morte, do individualismo, da indiferença, da injustiça, da opressão.
É, as pessoas tinham razão. Jesus falava com autoridade. Sua palavra comunicava o amor de Deus que restaura e liberta as pessoas.
Pe. João Carlos – 21.07.2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário