João, no final de sua
vida, recorda de maneira especial o que aconteceu há 70 anos, quando encontrou
Jesus no deserto. Inclusive lembra que esse encontro foi às quatro horas da
tarde.
Você se lembra da hora de
seu encontro pessoal com Jesus?
Precisamos de sete chaves para
entender o sentido mais profundo do evangelho de São João:
1ª chave: Personalidade do evangelista
Para entender melhor uma
obra literária é preciso conhecer o autor.
João significa Deus faz
misericórdia e é conhecido como o discípulo amado.
Irmão de Tiago e filho de
Zebedeu, pescador . Sua mãe era uma mulher muito ousada e talvez dominante e
manipuladora, pois queria que seus filhos sentassem um à direita e outro à
esquerda de Jesus.
Assinatura: está presente
na cruz(19.26-27)
Fotografia: reclinado no
peito de Jesus na última ceia (13,23-25)
Símbolo: águia, a qual voa
alto e tem uma excepcional visão;
reconhece Jesus no Lago de Tiberíades (21,7)
2ª chave: Último a escrever e o
faz usando uma linguagem simbólica
O primeiro versículo é
como a clave de um pentagrama, o qual dará significado a todo o posterior.
“No princípio era verbo e
o verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.”(1,1)
João escreve entre 20 e 25
anos depois de Mateus, e 35 anos depois de Marcos.
Tem 15.416 palavras e 21
capítulos
3ª chave: Divisão do Evangelho:
duas partes
1ª parte:
Livro dos Sinais (1,35-12,50)
Para João não existem
milagres, mas “sinais” de Jesus, e ele selecionou sete, em que o mais
importante não é o que se vê, mas o seu significado.
Primeiro sinal: Bodas
em Caná da Galiléia, matrimônio de Deus com o homem (2,1-10)
Segundo sinal: Cura
o filho de um funcionário real em Caná da Galiléia (4,46-54)
Terceiro sinal: Cura
do paralítico na piscina de Betesda (5,1-18)
Quarto sinal: Multiplicação dos pães, no deserto (6,1-14)
Quinto sinal: Jesus
caminha sobre o mar (6,16-21)
Sexto sinal: Cura
do cego de nascença, no sábado, em Siloé (9,1-7)
Sétimo sinal: Ressurreição
de Lázaro, próximo a Páscoa (11,33-34)
Estes sete sinais mostram
a missão de Jesus, porém, Ele mesmo é o ícone de Deus e revela:
“Deus amou tanto o mundo,
que entregou o seu Filho único, para o que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna.” (3,16)
Por isso, repetia:
“Quem me vê, vê o Pai”
(14,9)
2ª parte:
Livro da glorificação na cruz e a hora de Jesus
A segunda parte do
evangelho de São João é a glorificação de Jesus, que está em harmonia com o
tema da “hora” (2,4; 5,25; 7,30; 8,20; 12,23.27; 13,1; 16,2.4.25.32;17,1), a
qual é como a contagem regressiva que culmina na cruz.
4ª chave: Os sete “EU SOU” de
Jesus
Jesus se apresenta sete
vezes com a fórmula “EU SOU”, a qual nos
lembra a descrição de Deus no monte Sinai e expressa a divindade de Jesus.
Eu sou o pão da vida, o
verdadeiro pão do céu (6,35.41.48.51);
E sou a luz do mundo
(8,12);
Eu sou a porta das ovelhas
(10,7.9);
Eu sou o Bom Pastor
(10,11.14);
Eu sou a ressurreição e a
vida (11,25);
Eu sou o caminho, a
verdade e a vida (14,6);
Eu sou a videira
verdadeira (15,1).
5ª chave: Novidade de Jesus
Se Mateus apresenta o
Segundo Testamento como sendo a continuidade do Primeiro Testamento, João é
dramático: mostra o rompimento e a novidade absoluta do Segundo Testamento.
Assim apresenta a novidade radical de Jesus com relação às instituições,
personagens e ícones do Primeiro Testamento.
Primeira Novidade: Nova escada de Jacó que comunica o céu com a terra: Gn 28,12-15;
Segunda novidade: Novo homem: Jo 1,30; 19,5;
Terceira novidade: Novo templo: 1Re 8,20.29; Jo 2,19;
Quarta novidade: Novo noivo, que dá o vinho da alegria: Gn 24,4.7.67; Jo 2,1-12; 3,29;
Quinta novidade: Novo cordeiro: Gn 22,8;
Sexta novidade:
Novo poço de Jacó: Jo 3,14;
Sétima novidade: Nova serpente do deserto: Jo 3,14
6ª chave: Crucifixão e morte na
cruz (19,23.30)
7ª chave: Profissão de fé de
Tomé na divindade de Jesus (20,24-31)
Fechamento:
João escreveu para que
crêssemos que ele é o Cristo, e crendo Nele, tenhamos vida e vida em
abundância.
Fonte: Jesus nos quatro evangelhos – José H. Prado Flores
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